A MARCHA DA MACONHA BAIXADA SANTISTA se constitui como um coletivo essencialmente político, libertário, apartidario, feminista e antirracista, que atua pela mudança da lei de drogas, e se organiza de forma autônoma e anti-proibicionista. Não temos representantes, lideres, coordenadores, caciques, presidentes, não temos um comitê central e temos por princípio:

1. Ser uma organização horizontal, não-hierárquica, tendo a assembleia como instância maior de decisão coletiva e incentivando neste processo a construção do consenso individual e coletivo.
A busca por decisões consensuais evita distorções causadas por simples votação e contagem a partir de maiorias consolidadas, favorecendo os argumentos e sua apresentação ao coletivo ao
invés das correlações de força anteriores ao debate.

2. Ser autônomo significa ser independente de grupos institucionais de poder, a exemplos: governos federais, estaduais e municipais, partidos políticos, sindicatos ou organizações políticas privadas.
Organizações com as quais podemos trabalhar para fins comuns, no entanto mantendo nossa soberania de decisões e privilegiando a ação coletiva, baseada em princípios federativos entre indivíduos e coletivo, não participando e nem apoiando o processo eleitoral como organização;

3. Ser autogestionário, ou seja, mantido pela contribuição voluntária de nossos membros, ou de grupos e organizações que defendam princípios similares aos de nossa organização, rechaçando de forma radical contribuições que nos vincule a grupos de interesses financeiros e estatais, visto que esses grupos são em essência autoritários e por isso mesmo, anti classicista e contrário aos princípios da luta anti – proibicionista;

4. Ter a ação direta e a desobediência civil como forma de luta privilegiada na defesa de nossos interesses e na luta contra o proibicionismo, não desprezando as vias legais de ação quando estas nos parecerem adequadas, mas sempre utilizando essas ações legais como forma de luta e não como fim;

5. Aderir à movimentação de Marchas da Maconha a nível nacional e internacional , solidarizando- se, apoiando, e participando dos grupos, movimentos e indivíduos que travam essa luta;

6. Ser transversais: Solidariedade total e apoio irrestrito a luta dos trabalhadores(as), a luta antirracista, feminista, LGBTQIA+, a luta ambiental, dos povos originários, comunidades quilombolas, povos ciganos e povos ribeirinhos, a luta pelo desencarceramento, a luta antimanicomial, a luta anticapitalista e contra toda forma de normatização e autoritarismo estatal, contra também toda forma de opressão, intolerância religiosa, xenofobia e capacitismo;

7. Ser anti-proibicionista: Lutar contra o atual sistema de proibição de todas as plantas e substâncias sobre a alcunha de drogas e seus aspectos racista, classista e autoritário, denunciando através dessa luta a falácia da “guerra as drogas” e os interesses de mercado do capital.

8. A Marcha da Maconha BS organizará, junto com outros movimentos e organizações, a Marcha da Maconha Santos, bem como ajudará e incentivará a organização de outras Marchas nas cidades que compõem a região da Baixada Santista, sempre respeitando o princípio das autonomias, dos grupos e das localidades.

9. A Marcha da Maconha BS construirá material e metodologia de formação política própria, inspirando-se no acúmulo de suas experiências, bem como de outras marchas, mas sem perder a sua identidade e sem ferir os princípios elencados nesta carta;

10. Todos os novos membros, para serem aceitos devem concordar e defender esses princípios, bem como devem ser referendados pelo coletivo em assembleia;

11. Aceitando tais princípios, a Marcha da Maconha BS enquanto grupo, se insere na movimentação de Marchas da Maconha e sua luta anti-proibicionista contra todas as opressões – de classe, gênero, identidade, etc. – contra o fascismo e propõe uma sociedade socialmente justa, ecologicamente equilibrada e baseada nos princípios da solidariedade e igualdade, em oposição ao autoritarismo estatal e a exploração econômica.